Brasil: entre o futebol e a política - Hold

Brasil: entre o futebol e a política

Enquanto a bola rola na Rússia, o mundo político segue fervilhando no Brasil. Mesmo
dividindo espaço na imprensa com a seleção de Tite, Brasília mantém uma agenda
importante.

A crise deflagrada pela paralisação dos caminhoneiros ainda deixa sequelas. A Câmara
dos Deputados aprovou, na última quarta-feira, o projeto de lei que trata do Marco
Regulatório do Transporte de Cargas. A proposição disciplina questões com frete,
seguro, contratos de trabalho e altera o Código Nacional de Trânsito. O texto aprovado
aumenta o número de pontos necessários para suspender a habilitação de motorista
profissional. Outra demanda atendida trata da isenção de cobrança de pedágio para
eixo suspenso. Vitória dos caminhoneiros.

O efeito demonstração da mobilização dos caminhoneiros também repercutiu. Outros
setores organizados da economia pressionam para aprovar projetos de seus
interesses. Subsídios, isenções e afins estão em pauta. A conta final pode ser salgada.
Outro projeto relevante aprovado pelos deputados é o que autoriza a Petrobras a
negociar áreas do pré-sal. O texto permite à petroleira vender até 70% de seus direitos
de exploração de petróleo do pré-sal na área cedida onerosamente pela União. A
oposição é contrária ao projeto, mas não teve força política para evitar a aprovação do
texto básico. Restam ainda os destaques.

Também o quadro eleitoral segue em movimento. Partidos e pré-candidatos
continuam as articulações visando consolidar alianças e coligações. A especulação
impera nessa seara.

Por falar em eleições, não há, a rigor, qualquer correlação entre a escolha presidencial
e o desempenho do escrete canarinho nos gramados. Lula, então na oposição, venceu
o pleito de 2002, ano do último título da seleção brasileira. Desde então, o PT manteve
a hegemonia e foi reconduzido ao Planalto por três vezes seguidas, mesmo sem títulos
da seleção. O eleitor médio define seu voto por outros parâmetros como, por
exemplo, a sensação de bem-estar econômico.

Encerrada a Copa do Mundo, em julho, os brasileiros voltarão as atenções para o
processo eleitoral. O período de "distração coletiva" será passado. O debate ganhará
as ruas.

André Pereira César
Cientista Político

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