Bolsonaro em dia de Bolsonaro - Política - Hold

Bolsonaro em dia de Bolsonaro

A fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na abertura da Assembleia Geral da ONU, ocorrida há pouco, não trouxe surpresas. Durante cerca de quinze minutos, o brasileiro defendeu seu governo e atacou desafetos e críticos. Bolsonaro foi apenas Bolsonaro.

O titular do Planalto não mediu palavras - meio ambiente, pandemia, direitos humanos, Venezuela, quase nada escapou de sua mira. O discurso presidencial foi claramente voltado para seus apoiadores, pouco importando a repercussão externa, que não foi das melhores, diga-se.

Sobre a questão ambiental, Bolsonaro afirmou que o Brasil sofre uma campanha brutal de desinformação e que, mais ainda, índios e caboclos seriam os responsáveis pelos incêndios que consomem a Amazônia e o Pantanal. Essas considerações foram imediatamente rechaçadas por entidades como a WWF e o Greenpeace, piorando ainda mais a imagem do país.

Quanto à pandemia, o presidente disse que o país foi dos mais eficientes na resposta aos danos causados pela Covid. Aqui não importam os números e o sofrimento dos mais necessitados, que mostram o Brasil como vice-campeão em mortos. A fala de Bolsonaro é a verdade, não importando a realidade que bate insistentemente à porta.

A Venezuela também não escapou. Ao comentar o vazamento de óleo na costa brasileira ocorrido no ano passado, ele acusou o país vizinho de ser o responsável pelo desastre ambiental. Sem provas ou evidências mínimas, as palavras correm ao vento e chegam aos ouvidos (e corações) de seus apoiadores que tomarão tais afirmações como verdade absoluta.

Por fim, o apoio quase explícito ao presidente norte-americano Donald Trump reforça a diretriz da política externa. Portas fechadas a muitos países, consumidores e potenciais consumidores de nossos produtos.

O presidente brasileiro deixou clara sua proposta. Negar tudo e reafirmar, em seu patriotismo, a soberania nacional sob a sua ótica ideológica. Líderes exóticos historicamente causam barulho na ONU – Arafat e Kadafi são exemplos disso. Bolsonaro, hoje, parece disposto a se inscrever nesse rol. Pior para o Brasil.

André Pereira César

Cientista Político

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