"Anatomia de uma prisão" - Hold

“Anatomia de uma prisão”

A poeira ainda não assentou. Passados os momentos críticos, com idas e vindas e o ex-presidente Lula finalmente se entregando, a sensação geral é de ressaca cívica. A prisão do líder petista muda radicalmente o xadrez político-eleitoral e estabelece a pergunta: o que acontecerá a partir de agora?

Lula e PT já deixaram claro que tentarão fazer do limão uma limonada. Além do recursos a serem ainda apresentados, o discurso da vitimização dará o tom. O problema é que parcela significativa da opinião pública está contra o ex-presidente. Assim, esse discurso será acolhido apenas por petistas e simpatizantes. Mais do mesmo, com pouco efeito prático.

A esquerda como um todo busca alternativas. Não por acaso, o PCdoB, tradicional satélite do petismo, bancou a pré-candidatura de Manuela D'ávila. O PSOL vem com a "novidade" Guilherme Boulos. E o PDT aposta em Ciro Gomes, uma eterna esfinge. Joaquim Barbosa ainda é mera especulação no PSB.

Do outro lado do espectro ideológico, a indefinição seguirá, independente do destino final de Lula. Rodrigo Maia e Henrique Meirelles começam a testar suas possibilidades, enquanto Geraldo Alckmin patina no PSDB. Jair Bolsonaro, por sua vez, tenta consolidar sua posição.

O governo Temer, que vive seus próprios e dramáticos problemas, vê a questão Lula com um misto de alívio e apreensão. É interessante assistir à queda de Lula, ao mesmo tempo que o "risco Lava-Jato" continua. Como parar as operações da Polícia Federal?

Por fim, o Judiciário segue na berlinda. A pressão sobre o Supremo Tribunal Federal seguirá, com resultados imprevisíveis.

O jogo mudou de fase, e a prisão de Lula representa um marco na história do Brasil. Agora, a principal liderança política do país irá atuar de uma cela em Curitiba. O resultado final desse processo interessa a todos.

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