A direita em busca de um norte - Política - Hold Assessoria

A direita em busca de um norte

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Enquanto o governo Lula (PT) surfa na onda positiva iniciada há algumas semanas, a oposição está a cada dia mais dividida. Com Jair Bolsonaro (PL) fora do jogo eleitoral, pré-candidatos e partidos de direita e centro-direita não se entendem e emitem mensagens contraditórias para o eleitorado.

Para começar, o até então favorito para disputar o Planalto no próximo ano, o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), sinaliza que tentará a reeleição e deixará Brasília para 2030. Com o atual presidente fortalecido e retomando a popularidade, Tarcísio não quer arriscar - sem mandato, ele cairia em uma espécie de ostracismo pelos próximos quatro anos. O governador, ao que tudo indica, não pretende trocar o (praticamente) certo pelo duvidoso.

Outro pré-candidato, o governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil) não consegue decolar e pior, bateu boca publicamente com o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PP/PI), que afirmou em entrevista que Bolsonaro estaria dividido em apoiar “Tarcísio ou Ratinho Júnior (PSD/PR)” no pleito de 2026. Nas redes sociais, Caiado chamou o senador de “irrelevante” e que é vergonhosa a sua ansiedade “em se colocar como candidato a vice-presidente do governador Tarcísio”. Aqui, vale lembrar que o União Brasil e o Progressistas hoje são uma Federação Partidária. Ambiente ruim entre aliados.

Por falar em Ratinho Júnior, foi dado início ao trabalho em torno de seu nome para ver se começa a ganhar maior visibilidade. Capa de uma revista de circulação nacional no último final de semana, aos moldes da revista Veja nos tempos de Collor, ele tem despertado a atenção do eleitor de direita mais informado. O apoio do presidente de seu partido, o onipresente e habilidoso Gilberto Kassab, representa um ativo político nada desprezível, mas ainda insuficiente para o avanço de sua pré-candidatura. Ratinho é pouco conhecido fora do Paraná e para além da bolha da direita e, por isso, talvez não tenha tempo hábil para se tornar uma figura nacional. A conferir os próximos passos.

No âmbito interno, os partidos de centro-direita e direita vivem dramas específicos. O União Brasil reunirá a Executiva Nacional para decidir se expulsa o ministro do Turismo, Celso Sabino, que chegou a entregar carta de demissão ao presidente da República, mas seguiu no cargo. Segundo o governador Caiado, o ainda ministro estaria cometendo “reiterada infidelidade” e mereceria a punição. Sabino está cada vez mais isolado na legenda.

O principal partido de oposição, o PL, não consegue superar a crise gerada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL/SP), hoje radicado nos Estados Unidos e defensor das sanções impostas pelo presidente republicano Donald Trump ao Brasil. O deputado inclusive ameaçou deixar o PL e afirmou que levaria “de 15 a 40” parlamentares consigo, o que gerou até risadas entre lideranças do partido. Afinal, qual legenda abrigaria o problemático Eduardo Bolsonaro?

Ainda sobre o deputado, integrantes do Centrão têm afirmado que deixarão a oposição caso Eduardo Bolsonaro não abandone a atual postura. Mesmo que seja um blefe, é um claro sinal da falta de sintonia na direita e na centro-direita.

Enfim, a política é dinâmica e tudo pode mudar de uma hora para outra. No entanto, o tempo corre - falta menos de um ano para as eleições - e a oposição precisa rapidamente reencontrar seu norte, sob o risco de fracassar no próximo pleito.

André Pereira César

Cientista Político

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