DECLARAÇÃO DE MEIRELLES É FORTE, MAS NÃO MUDA SITUAÇÃO DE SUA CANDIDATURA - Hold

DECLARAÇÃO DE MEIRELLES É FORTE, MAS NÃO MUDA SITUAÇÃO DE SUA CANDIDATURA

São Paulo, 23/02/2018 - As recentes declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmando que pode se candidatar à presidência mesmo com a eventual presença do presidente Michel Temer no páreo, são uma demonstração de que ele quer se manter no páreo. Os comentários, no entanto, não mudam a viabilidade de sua candidatura, atualmente tida como baixa, opinou o cientista político da Hold Assessoria Legislativa, André César. Segundo o analista, a fala de Meirelles pode, inclusive e numa situação limite, precipitar a sua saída do governo antes da data limite para a desincompatibilização de cargos.

"Meirelles sabe de sua importância para o governo Temer, é uma figura-chave e isso é inegável. Acredito que, com a intervenção no Rio e essa mudança de agenda, que tirou o foco da economia e trouxe a segurança pública, ele se sentiu um pouco jogado de lado. Então, quis marcar presença (com as declarações)", disse César. "O ministro sabe que ele, Temer e (o (presidente da Câmara, Rodrigo) Maia têm o mesmo baixo nível de intenção de voto. Então não deve ter deixado de se perguntar: por que não eu?"

Para o analista, no entanto, o tom mais assertivo de Meirelles não tem condições de alterar, por si, o xadrez político da eleição. "A meu ver, ele fez um movimento mais forte, para ganhar ou perder. Fosse xadrez, diria que ele movimentou a rainha ou outra peça importante. Mas não vejo condições políticas de Meirelles pleitear a candidatura do governo. (Mesmo com a baixa popularidade), é muito mais fácil construir a candidatura de Temer do que a dele", avaliou, lembrando ainda que Meirelles não conta com o apoio nem do próprio partido, o PSD.

Reação. Uma incógnita dessa jogada, continuou César, é como ela está sendo recebida no núcleo duro do Planalto. "Temos que acompanhar a evolução disso. Dependendo da situação, os aliados mais próximos de Temer podem entender que estão como que 'dormindo com o inimigo', o que pode precipitar sua saída do cargo inclusive antes do fatídico 7 de abril (data limite para a desincompatibilização)", disse.

Sobre a possibilidade de Meirelles deixar o PSD, atualmente mais próximo da candidatura do governador Geraldo Alckmin (PSDB), César se mostrou reticente. Primeiro, pelo desgaste que isso geraria com o próprio partido e com seu líder, Gilberto Kassab. Segundo, pela falta de partidos com tamanho relevante e dispostos a abrigar sua candidatura. "As opções são poucas, e ele entrar em um nanico, como o Novo ou o Podemos, é 'cair para baixo'", disse. Para César, ainda que difícil, a melhor opção para o ex-presidente do BC seria trabalhar essa questão dentro do PSD. (Marcelo Osakabe - marcelo.osakabe@estadao.com)

Comments are closed.