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Reflexões iniciais sobre a sucessão em Salvador

Uma das principais e maiores cidades do Nordeste do Brasil, a capital baiana exerce grande influência sobre a política regional e nacional. As eleições municipais de novembro serão importantes para indicar os rumos do processo sucessório presidencial de 2022.

Bem avaliado pela população, o prefeito ACM Neto está em segundo mandato e, portanto, não poderá participar do pleito. Mesmo assim ele será influente na disputa e seu candidato, o atual vice, Bruno Reis (DEM), tem boas chances de êxito. Ex-deputado estadual, sua relação com o titular é muito boa. Aliado a partidos como MDB, Republicanos e PTB, Reis terá grande espaço na campanha. Hoje, sua presença no segundo turno seria praticamente certa.

Ainda no campo da centro-direita, o Podemos deverá lançar o deputado federal João Carlos Bacelar, que cumpre seu segundo mandato em Brasília. Administrador de empresas, ele é figura com bom trânsito junto à elite política local. Experiente, integrou diversos partidos, como os antigos PFL (hoje DEM) e PMDB (atual MDB). Seu grande obstáculo é justamente sua atual agremiação, que terá recursos bastante limitados na campanha.

A terceira força na centro-direita é o PSD, que será representada pela administradora de empresas Eleusa Coronel. Iniciou sua vida política trabalhando para o então governador da Bahia, Waldir Pires (PMDB). Hoje, seu principal ativo é o fato de ser esposa do senador Angelo Coronel (PSD), que tem se destacado como presidente da CPMI das Fake News no Congresso Nacional.

Por falar na CPMI das Fake News, o PSB deverá lançar a deputada federal e relatora do colegiado Lídice da Mata. Economista com larga experiência no mundo político, foi prefeita de Salvador entre 1993 e 1996, quando pertencia ao PSDB. Parlamentar com perfil aguerrido, é dura crítica do governo Bolsonaro e tem um eleitorado fiel, porém não muito grande.

Força emergente na esquerda, o PSOL lançará o deputado estadual Hilton Coelho. Historiador, servidor público e sindicalista, ele é ativista dos direitos humanos. Sua candidatura terá como mote a renovação da política e a defesa das minorias.

A principal novidade na disputada pela prefeitura soteropolitana é a candidata do PT, Major Denice Santiago. Policial militar, psicóloga de formação, ela é reconhecida por suas ações de combate à violência doméstica e ao racismo e à promoção do feminismo. Foi a idealizadora da Ronda Maria da Penha. Com o apoio do governador Rui Costa (PT), sua candidatura é das mais fortes para passar ao segundo turno.

A sucessão na capital baiana não tem um franco favorito, mas algumas candidaturas competitivas. A tendência, hoje, é de um afunilamento entre a centro-direita e a esquerda. A possível nacionalização dos debates também terá peso sobre o resultado final.

André Pereira César

Cientista Político

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