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Eleições municipais em números

. Conforme o esperado, o índice de abstenção registrado no primeiro turno das eleições municipais de 2020 foi elevado. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, nada menos que 23,1% dos eleitores não compareceram ao pleito. Em larga medida, a pandemia explica esse quadro, mas também é inegável a afirmação de que a campanha não empolgou a população.

. Os cinco partidos que mais elegeram prefeitos são MDB (774), PP (682), PSD (650), PSDB (512) e DEM (459). No entanto, os emedebistas e os tucanos perderam prefeituras em relação a 2016.

. O MDB, que em 2016 elegeu 1.044 prefeitos, nessa eleição conseguiu o comando de 774 municípios, uma redução de 270 prefeituras. Com relação ao número de vereadores, em 2016 elegeu 7.564 candidatos e nessas eleições conseguiu eleger 7.335 vereadores, um refreio de 237 cargos.

. Por sua vez, o PSDB, que em 2016 conseguiu o comando de 799 municípios, na eleição de 2020 foi vitorioso em 512 municípios. Perdeu o comando de 287 prefeituras. Em 2016 o partido elegeu 5.364 vereadores, e agora 4.377. O partido encolheu em 991 vereadores.

. MDB e PSDB ainda são grandes partidos e mantém uma certa força política, dada a grande capilaridade. Juntas, as duas agremiações partidárias devem comandar mais de 18% da população brasileira. Mas o alerta foi dado. O pleito de 2020 confirmou o consistente encolhimento desses dois partidos se comparados com dados de 2012. O pleito também demonstrou que o eleitorado não é tão fiel assim, tanto que foi em busca de novas ideias, de novas plataformas, mesmo que para isso tenha escolhido velhos partidos como PP, PL, PSD e DEM, os maiores vitoriosos na corrida eleitoral de 2020.

. Tradicional parceiro do PSDB, o DEM ganha força e coloca-se em posição de igualdade com o tucanato, tanto que o presidente do DEM, o ainda prefeito de Salvador, ACM Neto, já declarou que o partido poderá viabilizar uma candidatura própria para a sucessão presidencial em 2022. Não custa lembrar que os dois partidos, junto com o MDB, mantêm avançadas conversas visando a sucessão presidencial.

. Já PSD e PP, integrantes do Centrão, têm a partir de agora fôlego extra para cobrar mais espaço no governo Bolsonaro. O presidente, ainda sem partido, poderá ser pressionado em breve pelas lideranças desses partidos. O robusto crescimento do PSD fez com que o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, viesse à público para afirmar que poderá lançar um nome do próprio quadro partidário para disputa da presidência da República em 2022. Mesmo integrando o governo – o ministro das Comunicações, Fábio Faria, é do partido – , o apoio a Bolsonaro, como se vê, poderá não ser tão natural como se esperava.

. Na esquerda/centro-esquerda, destacam-se PDT (311), PSB (250) e PT (179) com o maior número de prefeitos eleitos. Os três, porém, perderam espaço no comparativo com 2016. Mais abaixo no ranking, o PCdoB apresenta situação ainda mais desconfortável - caiu de 80 para 46 prefeituras. Um sinal de alerta para a esquerda.

. Os desempenhos de Guilherme Boulos, em São Paulo, e Edmilson Rodrigues, em Belém, que disputam o segundo turno, representam exceções para o PSOL. O partido elegeu apenas 4 prefeituras no primeiro turno. Mesmo assim, foi o único partido da esquerda que cresceu. A visibilidade alcançada através das candidaturas de Boulos e de Rodrigues pode ser a alavanca que o partido precisa para o pleito de 2022.

. Já o PSL, ex-partido de Bolsonaro, passou de 30 para 90 prefeituras. Somado à sua significativa bancada na Câmara dos Deputados, o resultado de agora mostra ser um equívoco qualificar a legenda como “nanica”. O partido elegeu ainda 1.205 vereadores. Se comparado com 2016, teve um ganho de 327 cadeiras no legislativo municipal.

. Em 57 municípios ocorrerá segundo turno. O PT disputará 15 prefeituras, seguido de PSDB (14), MDB (12) e PSD (10). Dada a dimensão dessas cidades, todas com mais de duzentos mil eleitores, o eventual êxito do PT nessa etapa do processo relativizará, ao menos em parte, seu desempenho sofrível no primeiro turno.

. No que diz respeito a vereadores, como dito acima, MDB (7.335), PP (6.346) e PSD (5.694) lideram, seguidos por PSDB (4.377) e DEM (4.341). No entanto, enquanto o primeiro registra queda de 3% em relação a 2016, os dois partidos do Centrão cresceram significativamente (34% e 22%, respectivamente). Já os tucanos amargam queda de 18% enquanto o DEM registra expressivos 49% de aumento.

. Em suma, no quesito partidos, é factível afirmar que o MDB mantém sua já conhecida capilaridade, enquanto PP, PSD e DEM saem vitoriosos no quadro geral. No campo dos derrotados, o PSDB foi o maior deles, seguido dos partidos de esquerda/centro esquerda, com exceção, como já dito, do PSOL, que mesmo pequeno, ganhou maior visibilidade e vai se firmando como uma opção para os eleitores da esquerda brasileira.

André Pereira César
Cientista Político

Alvaro Maimoni
Consultor Jurídico

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