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Bolsonaro e as eleições municipais

Meses atrás, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou publicamente que não iria apoiar nenhuma candidatura nas eleições municipais desse ano, ao menos no primeiro turno. No entanto, nas duas maiores cidades do país, ele se aproximou de dois candidatos. A movimentação presidencial traz riscos para seu próprio projeto de reeleição em 2022.

Eleição em São Paulo: a disputa na capital paulista será das mais acirradas dos últimos tempos. Candidaturas competitivas de todos os perfis ideológicos tentam conquistar os votos do eleitorado. Além disso, haverá “competições particulares”, como a que envolve o PSOL, com Guilherme Boulos, e o PT, que concorre com Jilmar Tatto, pelo eleitorado da esquerda na capital paulista.

Bolsonaro anunciou seu apoio ao deputado federal Celso Russomanno (Republicanos). O candidato aparece bem nas pesquisas, mas seu histórico na cidade o coloca na condição de eterno “coelho” - larga bem mas perde fôlego, e não consegue chegar ao segundo turno.

Um desafio extra para o presidente da República é a candidatura à reeleição de Bruno Covas (PSDB), apoiado pelo governador João Dória (PSDB). Hoje o principal adversário de Bolsonaro no campo da centro-direita, o governador tucano não medirá esforços para derrotar seu desafeto.

Por fim, há a possibilidade, que não deve ser descartada, de o segundo turno reprisar a disputa de 2018 pelo governo estadual, com Dória (Covas) contra Márcio França (PSB). Nesse caso, a derrota de Bolsonaro seria ainda maior, sem conseguir levar seu candidato ao pleito final.

Eleição no Rio de Janeiro: em plena efervescência política, com o governador Wilson Witzel (PSC) perto da cassação e parte da elite política envolvida em denúncias de corrupção, a capital fluminense terá a presença do presidente. Ele, afinal, tem sua base no estado e não pretende perder o controle na região.

Bolsonaro se aliou ao atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que escapou algumas vezes do impeachment, mas que ainda é objeto de diversas investigações, CPI’s e que recentemente foi cassado pelo TRE/RJ e encontra-se inelegível. Crivella não vinha tendo boa avaliação popular, mas recentes pesquisas indicam que ele tem chances de pelo menos chegar ao segundo turno.

Seu grande adversário será o ex-deputado e ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), uma figura bastante popular em diversas regiões da cidade. Paes conta com o apoio de boa parte do establishment político e, mais ainda, poderá aglutinar em torno de si forças de centro-esquerda no segundo turno, caso enfrente Crivella.

Considerações finais: ao se posicionar no processo eleitoral das duas maiores cidades do país, Bolsonaro mexeu importante peça no tabuleiro político nacional. Trata-se de aposta arriscada, ainda mais levando-se em conta que seus dois candidatos (Russomanno e Crivella) apresentam elevados índices de rejeição e que podem ser derrotados. Um revés nesses dois fronts terão elevado custo para o presidente e o seu projeto de reeleição.

André Pereira César
Cientista Político

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