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Economia e costumes na ótica do eleitor

O DataFolha realizou pesquisa sobre questões econômicas e de costumes. O levantamento ocorreu nacionalmente entre os dias 25 e 26 de maio. Faltando poucos meses para o primeiro turno das eleições, a pesquisa apresenta uma excelente radiografia do eleitor brasileiro.

                1.            Costumes

Na opinião de 79% dos brasileiros, a homossexualidade deve ser aceita por todos – em 2017, esse índice estava em 74%. No sentido contrário, o total de pessoas que avaliam que a homossexualidade deve ser desencorajada caiu de 19% para 16%. A sociedade está mais tolerante, sem dúvida.

Já a defesa do porte de armas caiu, passando de 43% em 2017 para 35% hoje. Item importante da agenda governista, a questão perde força junto à população. Outros 63% são contra a posse de armas.

Por outro lado, o combate às drogas segue com forte apoio da sociedade - 83% defendem a proibição integral, contra 15% que são favoráveis à descriminalização total.

A pena de morte, por seu turno, é rejeitada por 61% (55% na pesquisa anterior). No sentido contrário, 36% são favoráveis à medida (42% em 2017).

Por fim, aumentou o contingente de brasileiros favoráveis ao ingresso de imigrantes pobres no país - de 70% em 2017 para 76% agora. A xenofobia perde espaço, caindo de 24% para 19%.

                2.            Economia

A defesa de um Estado mais atuante aparece nos resultados do levantamento. O receituário liberal, assim, perde espaço no debate nacional.

Para 71% dos entrevistados, o governo deve ajudar grandes empresas brasileiras em dificuldades (63% em 2017). Outros 25% são contrários a esse tipo de ação (33% na última pesquisa).

Também a interferência do governo na economia tem o apoio de 50% da população, contra 44% favoráveis a uma menor presença estatal.

Por fim, a atual legislação trabalhista é aprovada por 56%, enquanto 37% avaliam que as regras atuais prejudicam o crescimento do país. Uma questão polêmica, que está no foco das candidaturas do ex-presidente Lula (PT) e de Ciro Gomes (PDT).

                3.            Considerações finais

Em termos gerais, a identificação do brasileiro com a esquerda cresceu nos últimos cinco anos, passando de 41% para 49%. Já os que se identificam como de direita recuaram de 40% para 34%. Esse quadro pode ser explicado, em parte, pela pandemia, com a importância do SUS sendo ressaltada, além da intervenção do Estado em importantes setores da economia.

A pesquisa certamente está sendo avaliada pelas principais candidaturas ao Planalto e também pelos demais candidatos aos governos estaduais e ao Parlamento. O foco, em especial sobre determinados assuntos, certamente terá que ser calibrado. O aumento do custo de vida, inflação, desemprego e os já conhecidos problemas nas áreas da saúde e educação, são fatores que fazem com que a população, de um modo geral, sem perspectivas de melhora a curto prazo e sem ter a quem recorrer, volte a buscar a ampla ajuda e intervenção do Estado brasileiro.

PS. A semana que se inicia será marcada por eventos fora de Brasília. Ao lado de outras autoridades, o presidente Jair Bolsonaro (PL) comparecerá à Cúpula das Américas, nos Estados Unidos. Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, estará em Paris para acompanhar reunião da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Por fim, terão sequência as negociações dos partidos para a composição dos palanques nos estados.

André Pereira César
Cientista Político

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