Sobre as eleições para governador - Hold

Sobre as eleições para governador

Falar da importância das eleições para governador é chover no molhado. No pleito de
2018, porém, há um diferencial - a grave situação financeira dos estados, sem
precedentes na história recente do país. Os 27 governadores que assumirão em janeiro
próximo terão como principal desafio administrar caixas vazios, em meio a problemas
de toda ordem.

Região Norte

No comando do governo desde 1999, o PT tenta manter o predomínio no Acre. Seu
candidato, Marcus Alexandre, no entanto, enfrenta a forte candidatura de Gladson
Cameli (PP). Os demais postulantes apenas fazem figuração.

A família Capiberibe pode retornar ao governo do Amapá. O senador João Capiberibe
(PSB) aparece à frente de seu tradicional adversário, Waldez Góes (PDT), que tem
elevado índice de rejeição. Um eventual bom desempenho de Davi Alcolumbre (DEM)
levará a disputa ao segundo turno.

Velha liderança da política, Amazonino Mendes (PDT) é o favorito na disputa no
Amazonas. Ele aparece à frente de Wilson Lima (PSC), Omar Aziz (PSD) e David Almeida
(PSB). A união de seus adversários no segundo turno será o maior obstáculo ao
pedetista.

A sucessão no Pará testa a força do clã Barbalho. O ex-ministro Helder Barbalho (MDB)
lidera as pesquisas, seguido de Paulo Rocha (PT) e Márcio Miranda (DEM). O
emedebista enfrenta, porém, os altos índices de rejeição, além do histórico polêmico
da família Barbalho no estado.

Em Rondônia, o quadro é de incerteza. Expedito Junior (PSDB) aparece em primeiro,
seguido por Acir Gurgacz (PDT). O pedetista, no entanto, foi condenado pelo Supremo
Tribunal Federal e poderá ter a candidatura impugnada em definitivo. Seus aliados têm
outros nomes para substituí-lo, mas a situação apenas favorece ao candidato do PSDB.
Correndo por fora, o MDB aposta em Maurão de Carvalho.

A crise dos refugiados venezuelanos dá o tom da disputa em Roraima. A governadora
Suely Campos (PP), que tenta a reeleição, é tida pelo eleitorado como co-responsável
pelo quadro. Assim, o ex-governador Anchieta Junior (PSDB) disparou na liderança,
seguido por Antônio Denarium (PSL). O quadro está praticamente definido em favor do
tucano.

A recente eleição suplementar em Tocantins serviu de prévia para o pleito de agora. O
interino Mauro Carlesse (PHS) é o franco favorito. Muito atrás, aparecem Carlos
Amastha (PSB) e Marlon Reis (Rede). Não se esperam surpresas até o primeiro turno.

Região Nordeste

A disputa Calheiros x Collor sintetiza a sucessão em Alagoas. O atual governador,
Renan Filho (MDB), é favorito à reeleição. Ex-aliado de seu pai, Fernando Collor (PTC) é
o principal adversário. Ambos têm elevada rejeição, mas Calheiros dificilmente
perderá.

Na Bahia, o PT deverá reeleger o governador Rui Costa. Sem um nome carlista de peso,
o DEM lançou José Ronaldo, que até o momento não decolou nas pesquisas. A
esperança do partido está no prefeito de Salvador, ACM Neto, mas isso apenas para
2022.

O Ceará assistirá a um embate entre o grupo político dos Gomes, comandado por Ciro,
e o PSDB de Tasso Jereissati. De um lado, o governador Camilo Santana (PT) é favorito
à reeleição. De outro, o tucano General Theophilo, desconhecido da maior parte do
eleitorado, tenta a sorte. Santana e os Gomes dificilmente perderão a eleição.

A sucessão no Maranhão também será polarizada. De um lado, o governador Flávio
Dino (PC do B) tenta a reeleição, com o apoio de diversos partidos, incluindo o PT. De
outro, a família Sarney será representada pela ex-governadora Roseana (MDB). Apesar
da grande rejeição no plano nacional, os Sarney ainda são competitivos no estado,
tornando imprevisível o resultado final da pleito.

Na Paraíba, o ex-governador José Maranhão (MDB) está praticamente no segundo
turno. Seu adversário sairá da disputa entre Lucélio Cartaxo (PV) e João Azevedo (PSB).
Esse último conta com ligeira vantagem, pois é apoiado pelo governador Ricardo
Coutinho (PSB).

Em Pernambuco, a disputa entre o atual governador, Paulo Câmara (PSB), e o senador
Armando Monteiro (PTB) se dará voto a voto. O acordo de neutralidade nacional
celebrado por PT e PSB teve grande impacto local. Petistas insatisfeitos com o não
lançamento da candidatura de Marília Arraes podem, em protesto, votar no petebista.
Além disso, a ampla coligação do senador representa importante ativo político.

A sucessão no Piauí tem no atual governador, Wellington Dias (PT), o grande favorito.
Ele aparece com larga vantagem nas pesquisas. Seus principais adversários, Dr. Pessoa
(SD) e Eumano Ferrer (Podemos), são meros coadjuvantes no pleito.

Disputar a reeleição não é sinônimo de vitória automática. No Rio Grande do Norte, o
governador Robinson Faria (PSD) aparece em um distante terceiro lugar. Sua gestão
caótica é a principal responsável pelo pífio desempenho. A favorita é a senadora
Fátima Bezerra (PT), que tem em Carlos Eduardo (PDT) seu principal adversário.

Em Sergipe, a eleição se definirá entre Valadares Filho (PSB), Eduardo Amorim (PSDB),
e o atual governador, Belivaldo Chagas (PSD). Os três apresentam elevados índices de
rejeição. O segundo turno é praticamente certo.

Região Centro-Oeste

O atual governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), tenta a reeleição.
Ele está virtualmente empato com Eliana Pedrosa (PROS), mas tem elevados índices de
rejeição. Alberto Fraga (DEM) e Rogério Rosso (PSD) também são competitivos. A única
certeza é a de que a eleição irá para o segundo turno. O resultado, no entanto, dado o
quadro da disputa, ainda é imprevisível.

Em Goiás, o senador Ronaldo Caiado (DEM) tem larga vantagem sobre seus
adversários, Daniel Vilela (MDB) e Zé Eliton (PSDB). Político experiente e com forte
apoio do agronegócio, que predomina na economia do estado, Caiado é
indiscutivelmente o favorito.

Mato Grosso apresenta o governador Pedro Taques (PSDB) tentando a reeleição.
Diversos escândalos e denúncias de corrupção acertaram em cheio a credibilidade e o
discurso de moralidade do ex-procurador da república. Não é de se estranhar,
portanto, que encontra-se em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Mauro Mendes
(DEM), ex-prefeito de Cuiabá. O desempenho até o momento razoável de Wellington
Fagundes (PR), em terceiro, pode levar o pleito para um imprevisível segundo turno.

À princípio, o MDB era o favorito no Mato Grosso do Sul. Porém, a prisão de André
Puccinelli e a subsequente desistência da senadora Simone Tebet levaram o partido a
optar pela candidatura de Junior Mochi. Melhor para o PSDB, que lançou Reinaldo
Azambuja, e o PDT, que saiu com Odilon de Oliveira. A eleição está polarizada entre os
dois.

Região Sudeste

No Espírito Santo, o ex-governador Renato Casagrande (PSB) aparece como franco
favorito. As finanças estão relativamente saudáveis, o que facilitará o trabalho do
vitorioso.

Já Minas Gerais vive outra realidade. A crise fiscal é uma realidade, o que dificulta a
vida do governador Fernando Pimentel (PT), candidato à reeleição. Apesar de liderar as
pesquisas, seu índice de rejeição é elevado e o principal oponente, Antonio Anastasia
(PSDB), pode virar o jogo até outubro.

O Rio de Janeiro simboliza como ninguém o quadro de penúria dos estados.
Virtualmente quebrado e com tradicionais lideranças presas ou investigadas pela
Justiça, o Rio divide-se em três candidaturas bastante conhecidas - Eduardo Paes
(DEM), Romário (Podemos) e Anthony Garotinho (PRP), que acabou de ser condenado
em segunda instância. Não há um favorito e a única certeza é que ocorrerá segundo
turno.

Por fim, São Paulo assiste a uma acirrada disputa entre João Dória (PSDB) e Paulo Skaf
(MDB), com o atual governador Márcio França (PSB) correndo por fora. Para os
tucanos, a vitória no estado tem grande valor simbólico, pois o partido está no
comando desde 1995. A disputa pela cadeira do Palácio Bandeirantes está aberta.

Região Sul

No Paraná, Ratinho Júnior (PSD) lidera as pesquisas, seguido por Cida Borghetti (PP),
que tem uma das campanhas com mais recursos financeiros do país. O tradicional
MDB concorre com João Arruda, que acompanha os líderes à distância. O fato mais
relevante é que o próximo governador deverá mudar pouco as diretrizes da gestão do
atual titular, Beto Richa (PSDB).

Também sofrendo os efeitos da grave crise fiscal, o Rio Grande do Sul assiste a uma
disputa acirrada. O atual governador, José Ivo Sartori (MDB), lidera as pesquisas, mas
apresenta elevados índices de rejeição. Assim, Eduardo Leite (PSDB), Miguel Rossetto
(PT) e Jairo Jorge (PDT) têm chances de surpreender. Cabe lembrar que, em terras
gaúchas, a reeleição é exceção, não a regra.

Santa Catarina assiste a uma disputa entre Décio Lina (PT) e Mauro Mariani (MDB). O
terceiro postulante, Gelson Merísio (PSD), tem a seu favor a ampla coligação e a força
no interior do estado. Disputa em aberto.

Conclusão

Está claro que, no próximo quadriênio, os governadores precisarão realizar um esforço
hercúleo para equilibrar suas contas. Para isso, os chefes dos Executivos estaduais
precisarão de amplo apoio das assembleias legislativas e também da opinião pública.

Além disso, será necessário um amplo entendimento político com o Congresso
Nacional e com o novo Governo Federal. As tão urgentes reformas necessariamente
precisarão ser discutidas com seriedade, e os novos governadores serão peças
fundamentais nesse processo. Por fim, as campanhas em curso não poderão ter como
base promessas irrealizáveis. O eleitor, desiludido com a política e sentindo na pele os
efeitos da crise econômica, não aceitará "fantasias".

André Pereira César
Cientista Político

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