Mini guia para a última semana de campanha - Hold

Mini guia para a última semana de campanha

A campanha chegou à reta final e os próximos dias serão tensos e intensos. A
crescente polarização, os ânimos acirrados e as negociações de última hora geram a
necessidade de maior atenção sobre alguns movimentos políticos.

Candidatos: o corpo-a-corpo final, real ou virtual, será de grande intensidade. Jair
Bolsonaro (PSL) e seus aliados trabalharão para evitar sustos e confirmar a presença no
segundo turno. O mesmo ocorre com Fernando Haddad (PT), que certamente alinhará
seu discurso aos setores médios do eleitorado, já de olho na rodada final. Para Geraldo
Alckmin (PSDB) é o momento do "tudo ou nada". Ele certamente radicalizará suas
posições contra os líderes, em especial Bolsonaro, tentando a segunda vaga. Os demais
candidatos, fora da disputa, trabalharão para reforçar suas bancadas nas Assembleias
Legislativas e no Congresso Nacional.

Articulações para o segundo turno: as negociações para a segunda etapa do processo
sucessório já ocorrem há certo tempo, mas ganharão intensidade nos próximos dias. O
grupo político de Bolsonaro espera receber o apoio de parcela significativa do Centrão,
de Álvaro Dias (Podemos) e do PSDB. O tucanato, porém, segue indefinido. Caso
Alckmin não passe ao segundo turno, o partido deve rachar (por sinal, o último
DataFolha mostra que 46% dos eleitores do tucano pretendem votar em Haddad na
segunda rodada). O PT, por sua vez, pretende contar com o apoio de Marina Silva,
Guilherme Boulos e também do MDB de Henrique Meirelles. Ao final, a polarização
atingirá seu ponto mais agudo.

Pesquisas: a exemplo do que vem ocorrendo há algum tempo, a semana terá a
divulgação de muitas pesquisas eleitorais. Será importante avaliar se a tendência
registrada até o momento - estagnação de Bolsonaro e crescimento de Haddad - se
mantém. Os números divulgados nessa manhã pelo levantamento FSB/BTG Pactual
mostram Bolsonaro com 31% e Haddad com 24%. O tucano Alckmin, com 11%, ainda
respira, mas precisa de um desempenho excepcional para passar ao segundo turno. No
final do dia, a pesquisa Ibope/Globo e Estadão trará novas informações sobre o quadro
sucessório.

Imprensa: como sempre, a imprensa terá papel fundamental nos próximos dias.
Qualquer deslize de um candidato ou aliado ecoará nas páginas dos jornais e nas
televisões. Além disso, a mídia terá um trabalho extra - monitorar as fake news, que já
são parte integrante das campanhas e, na reta final, tenderão a ganhar ainda mais
espaço. As recentes manifestações contra e a favor de Bolsonaro, no último final de
semana, provam isso.

Redes sociais: personagem fundamental nas eleições de 2018, as redes sociais já
refletem a forte polarização da sociedade brasileira. Petistas e anti-petistas,
bolsonaristas e anti-bolsonaristas, o grande ringue virtual viverá uma semana de fortes
ataques mútuos, muitos deles baseados em notícias falsas. Há de se ter muito cuidado
com que se publicar e reencaminhar nas redes.

Em suma, a já tensa campanha terá dias ainda mais difíceis. Esse quadro tornará ainda
mais complexo o chamado pós-eleitoral - a transição e a posse do novo governo. O
próximo presidente, independentemente do nome, sentirá na pele a divisão entre os
brasileiros.

André Pereira César
Cientista Político

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