A grande renovação política, verificada nas últimas eleições, trouxe desafios a mais para os tradicionais partidos políticos com representação no Congresso Nacional.
O quadro político-partidário recém instaurado gera a natural necessidade de se buscar novas e fortes lideranças. Esse grupo não precisa ser obrigatoriamente novo. Entre nomes até então pouco conhecidos, alguns antigos líderes reafirmam seu peso político, o que é positivo para o sistema, diga-se.
O DEM pode ser considerado uma fênix na política brasileira. Até pouco tempo atrás o partido vivia um processo de desidratação. Agora, comanda as duas Casas do Legislativo e três ministérios, além de importantes lideranças na cena nacional. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), é a face mais visível dessa nova realidade, mas outros nomes a ele se somam. Aqui temos o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (AP), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, o deputado federal Kim Kataguiri (SP) e o prefeito de Salvador, ACM Neto (BA), também presidente nacional da legenda e um dos principais responsáveis por articular essa reviravolta.
Antigo parceiro do DEM, o PSDB passa por um processo de reformulação com a visível tentativa de renovação dos seus quadros. Quem comanda esse movimento é o atual governador de São Paulo, João Dória. De olho no Planalto, cercou-se de políticos experientes para o comando de importantes secretarias estaduais e tem buscado se colocar à frente de questões nacionais, em especial a da reforma da Previdência.
O PSL, partido do presidente Bolsonaro, apresenta novos protagonistas. O senador Major Olímpio (SP), a deputa federal Joice Hasselmann (SP) e a deputada estadual Janaína Paschoal (SP) já ocupam espaços importantes e tendem a conduzir a legenda em diferentes frentes da política nacional. Hoje pode-se afirmar serem, dentro do partido e da estrutura de governo, vozes equilibradas que acabam servindo de freio e contrapeso.
Com muitos antigos caciques derrotados nas urnas em 2018, o MDB tenta voltar ao cenário político com a apresentação de novos líderes. Hoje, se destacam ao menos dois deputados federais. São eles Alceu Moreira (RS), que coordena a Frente Parlamentar da Agropecuária-FPA e que é uma espécie de "coringa" da bancada, e Arthur Oliveira Maia (BA), que foi o relator da reforma da Previdência no governo Temer e que tem voz entre seus pares. No Senado Federal, destaca-se Simone Tebet (MS), que ganhou visibilidade e se firmou ao disputar espaço com Renan Calheiros, tanto que foi indicada pelo partido para assumir a presidência da CCJ, comissão mais importante da Casa.
O PP possui hoje, na Câmara dos Deputados, a liderança de Aguinaldo Ribeiro (PB). Ex-ministro do governo Dilma e ex-líder do governo Temer, com seu tom conciliador, continua sendo referência da legenda. O partido conta ainda com o ex-governador e agora senador Esperidião Amin (SC), que volta à cena. A experiência adquirida durante a sua trajetória política certamente o cacifa para ser uma das vozes atuantes no Senado Federal.
No partido NOVO, a natural liderança foi assumida pelo deputado federal Marcel Van Hattem (RS). Apesar de novato na Câmara dos Deputados, é político experiente. Já exerceu os cargos de vereador na cidade Dois Irmãos (RS) e de deputado estadual, ambos pelo PP.
E a oposição? Em processo de reconstrução, a esquerda também encontra-se em processo de renovação de seus líderes. Apesar de jovem mas já bastante experiente, o deputado federal Alexandre Padilha (PT/SP), ex-ministro da Casa Civil e da Saúde, é importante figura de seu partido. A seu lado está a decana Luiza Erundina (PSOL/SP), uma das parlamentares em atividade mais respeitadas e com bom trânsito nos mais diversos partidos. Erundina, por sinal, parece inspirar duas jovens deputadas estreantes - Tabata Amaral (PDT/SP) e Sâmia Bomfim (PSOL/SP). Aguerridas e combatentes, já se destacam pelos contundentes e qualificados posicionamentos no plenário da Casa.
É evidente que, ao longo do tempo, outros nomes se juntarão aos acima listados. Independentemente do posicionamento ideológico, a presença de cada um deles é e será importante na atual quadratura política na qual o Brasil ingressou.
André Pereira César
Cientista Político
Alvaro Maimoni
Consultor Jurídico
