Depois do carnaval - Bolsonaro - 100 primeiros dias - Hold

Depois do carnaval

Passados os festejos de Momo o mundo da política retoma sua normalidade. No âmbito do Planalto são duas as prioridades imediatas - trabalhar pelo início efetivo da tramitação da proposta da reforma da Previdência no Congresso Nacional e melhorar a comunicação do governo.

A reforma da Previdência, menina dos olhos da gestão Bolsonaro, enfrentará muito em breve seu primeiro teste com a instalação das comissões permanentes da Câmara dos Deputados. É na Comissão de Constituição e Justiça da Casa que se darão os embates iniciais.

Interessa ao governo que o próximo presidente da CCJ, a ser escolhido possivelmente até 15 de março, seja alinhado com o Planalto e tenha pulso e experiência para enfrentar os duros debates que se avizinham. Olhando-se a atual composição da Câmara chega-se à conclusão que são poucos os parlamentares que cumprem esses requisitos. Nesse sentido, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), será de fundamental importância para que se escolha o nome ideal.

O relator da matéria na CCJ será outro protagonista do processo. Ele precisará ter os rudimentos mínimos sobre o tema e ser resistente às pressões que virão de todos os lados. Também terá de negociar de maneira permanente com a equipe econômica.

Quanto à comunicação do Planalto, aguarda-se uma espécie de freio de arrumação. A princípio, a ordem é limitar as declarações do presidente Bolsonaro e de seus filhos, em especial nas redes sociais, para evitar um esgarçamento ainda maior do já conturbado ambiente, agravado por publicação do presidente Jair Bolsonaro, no Twitter, de vídeo com conteúdo impróprio.

Há o temor, por parte de líderes partidários que apoiam o governo, de que a perda de respeito pela imagem do presidente contamine as já difíceis negociações em torno da reforma da Previdência e das futuras reformas que ainda deverão ser apresentadas.

No caso, a grande questão é se os filhos e o próprio presidente seguirão as novas "regras". Eles estabeleceram um estilo claro de ação, com relativo sucesso junto à parcela significativa do eleitorado, e poderão enfrentar dificuldades pessoais para mudar isso. A disposição era de se manter o permanente clima de campanha.

É evidente que muitas outras questões virão à tona no debate nacional, mas a Previdência e as declarações do grupo no poder terão forte peso de imediato. Como se diz popularmente, "no Brasil, o ano começa depois do carnaval". Assim, chegamos de fato a 2019.

André Pereira César
Cientista Político

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