Imagem: Rosinei Coutinho/STF
Ciente das dificuldades que a agenda legislativa enfrentará no ano eleitoral de 2026, o presidente Lula (PT) tem pressa em resolver a questão do nome do sucessor de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF). O indicado será definido muito em breve, talvez mesmo nessa sexta-feira, 17 de outubro.
O grande favorito, já bancado inclusive por setores da imprensa, é Jorge Messias, atual Advogado-Geral da União (AGU). Homem da extrema confiança do titular do Planalto, é evangélico (uma tentativa de Lula quebrar um pouco a resistência com esse grupo) e tornou-se nacionalmente conhecido quando, em 2016, um áudio de uma conversa entre a então presidente Dilma Rousseff (PT) e Lula, investigado pela Operação Lava Jato, vazou. Dilma chamou-o de “Bessias” e o caso ganhou notoriedade.
A questão aqui é que, confirmada, a sabatina de Messias não será tranquila. Dadas suas relações com o PT, a oposição certamente pressionará o candidato ao STF. As chances de rejeição a seu nome são absolutamente remotas, mas o constrangimento ficará no ar.
O AGU não está só na disputa. Correndo por fora está Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Suas chances são reduzidíssimas e uma eventual indicação seria uma autêntica “zebra”. Ele seguirá no posto que ocupa hoje.
O outro nome a circular nas bolsas de apostas é o do senador Rodrigo Pacheco (PSD/MG). Ex-presidente da Casa com boa circulação entre seus pares, tem grande experiência jurídica - presidiu a OAB mineira e a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Ele é apoiado por muitos senadores, inclusive o atual comandante, Davi Alcolumbre (União Brasil/AP) e por uma importante ala de ministros do STF, que chegaram a comunicar seu interesse a Lula, aparentemente sem sucesso. Sua sabatina seria mais tranquila em comparação a Messias, mas há um problema inicial nessa questão.
Lula, que deverá tentar a reeleição no próximo ano, está sem palanque em Minas Gerais, estado crucial para se vencer o pleito nacional. Nesse sentido, ele avalia que Pacheco seria o nome ideal para participar da eleição para governador, abrindo espaço político na região para o titular do Planalto. Pacheco topará o desafio?
Enfim, o jogo está sendo jogado e as peças postas no tabuleiro. Após 580 dias preso, a se confirmar a designação de Messias, Lula reforça a percepção de que deseja indicar somente aqueles de sua mais estrita confiança, em mais um passo para ampliar suas digitais na Corte, sem se importar com as pressões dos mais diversos setores e interesses. Seria o terceiro na atual composição, em um colegiado integrado por onze pessoas.
André Pereira César
Cientista Político


