A primeira batalha da CPMI do INSS - Política - Hold Assessoria

A primeira batalha da CPMI do INSS

crédito: Saulo Cruz/Agência Senado

Com a oposição levando a presidência e a relatoria da CPI Mista do INSS, o colegiado inicia agora a etapa dos embates. A evolução do plano de trabalho será importante indicador do que acontecerá nas próximas semanas.

São muitos os interesses e atores envolvidos, o que projeta momentos de grande embate e tensão entre governo e oposição, especialmente em relação ao grupo mais alinhado ao bolsonarismo, que é forte, barulhento e com muita penetração nas redes sociais.

Apenas para relembrar, a CPI Mista terá até seis meses de funcionamento, prorrogáveis, e contará com 32 membros titulares - dezesseis deputados e dezesseis senadores - a maioria, em tese, governista.

Um simples dado indica o grau de tensão que envolve os trabalhos do colegiado. Ao todo, foram protocolados nada menos que 420 convocações e 59 convites para ouvir pessoas relacionadas ao caso entre eles, todos os ex-ministros da Previdência Social desde 2015 e dez ex-presidentes do INSS. É evidente que muitos desses pedidos não irão adiante, mas a pressão (de parte a parte) está dada.

A princípio, o plano de trabalho do relator, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil/AL), alinhado ao bolsonarismo, pesa contra o governo do presidente Lula (PT) e, por isso, os aliados negociam um meio termo para fazer avançar as conversas. Quem se coloca como líder governista é o deputado Paulo Pimenta (PT/RS), ex-ministro da Comunicação Social da presidência da República.

A questão dos desvios no INSS é complexa e envolve os governos a partir de Dilma Rousseff (PT), passando por Michel Temer (MDB), Jair Bolsonaro (PL) e chegando a Lula (PT), e todos têm seu quinhão de responsabilidade no processo, uns mais, outros menos. Complexidade à parte, a mensagem é simples - “roubaram o dinheiro dos velhinhos”. Em tempos eleitorais, mas não só, isso tem grande apelo.

Por fim, uma reflexão importante. Com a presidência e a relatoria em mãos, a oposição detém o comando do colegiado. O controle dos trabalhos, porém, tende a ficar com os governistas - caso eles mantenham um mínimo de organização, o que não tem ocorrido nos últimos tempos.

A última pergunta que fica no ar: a CPI Mista será uma nova Batalha de Itararé, aquela que não se concretizou durante a Revolução de 30? Saberemos em breve.

André Pereira César

Cientista Político

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